INVESTIGAÇÃO NO PAN 2011-2013

PRAMELHOR II+ – PRODUÇÃO DE RAINHAS AUTÓCTONES MELHORADAS: MAIS INTENSIFICAÇÃO E INTEGRAÇÃO
Actualmente assiste-se, no panorama apícola internacional, a uma acentuada evolução, sobretudo associada ao melhoramento das características das abelhas utilizadas na prática apícola.

As excelentes condições que Portugal apresenta para o desenvolvimento desta actividade, contrastam fortemente com o reduzido empenho das autoridades no melhoramento genético da nossa sub-espécie autóctone de abelhas, a Apis mellifera iberiensis.

O projecto PRAMELHOR II+ propõe o aprofundamento do trabalho iniciado no anterior Programa Apícola Nacional, aproveitando uma oportunidade única para consolidar aspectos comportamentais e produtivos favoráveis a uma melhor compatibilização da raça autóctone, a Apis mellifera iberiensis com as exigências de uma apicultura economicamente sustentável em Portugal.

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Este projecto assenta em 4 pilares, relativamente autónomos entre si, mas claramente integráveis e apropriados para o seu sucesso:
1. + PRODUÇÃO, aumentando a eficiência biológica de produção de rainhas acasaladas, recorrendo ao conhecimento dos principais pontos críticos na economia da produção de rainhas e auscultando a opinião dos apicultores que as adquirem;
2. + DIVERSIFICAÇÃO, pelo aumento de tipos de produtos biológicos conciliáveis com (ou que adicionem valor ao) sistema de produção de rainhas acasaladas (por exemplo, pacotes de abelhas) ou pela prestação de alguns serviços especializados a (associações de) apicultores nacionais (por exemplo, multiplicação de rainhas próprias desses apicultores);
3. + COMERCIALIZAÇÃO, pela criação da possibilidade de se adquirirem rainhas através da internet;
4. + EDUCAÇÃO, pelo investimento em formação avançada do pessoal técnico da equipa executora em inseminação instrumental e em recolha e conservação de sémen ou pela formação de técnicos apícolas e apicultores nacionais em áreas conexas com a produção de rainhas.

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Apiário de produção de rainhas do projecto PRAMELHOR II+
É nossa convicção que o investimento proposto nesta candidatura contribuirá relevantemente para tornar mais sustentável – no médio prazo e num contexto de mercados crescentemente concorrenciais – a fileira de produção de rainhas autóctones melhoradas em Portugal.

Objectivos
Este projecto visa promover a preferência pela utilização de raças autóctones de abelhas, a Apis merllifera iberiensis e assim reduzir os riscos da hibridação inerentes à actual possibilidade de importar rainhas, por vezes de outros continentes, bem como auxiliar o desenvolvimento técnico e económico da apicultura nacional, contribuindo para a criação de postos de trabalho apícola mais qualificados e relevantes para o dinamismo/sucesso futuro desta actividade nas zonas rurais do país.

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Apiário de acasalamento do projecto PRAMELHOR II+

Especificamente pretende-se produzir rainhas que:
– Produzam mais mel
– Tenham melhor comportamento vigio-sanitário
– Tenham menor tendência para enxamear
– Sejam menos defensivas

imagem_cnt_projectos_184Marcação de uma Rainha Autóctone

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ÁGUA-MEL – CARACTERIZAÇÃO QUALITATIVA DA ÁGUA-MEL PARA A SUA VALORIZAÇÃO A NÍVEL NACIONAL

 

Apesar da globalização, a indústria alimentar não deixou de estar interessada na redescoberta e na protecção de alimentos tradicionais.

A produção de água-mel no nosso país é já muito antiga. É a partir dos restos de mel que ficam na cera que se obtém a água-mel após fervura em água. Para saber se a água-mel está pronta deixa-se cair uma gota da mesma na unha. Se ficar redondinha, considera-se que está pronta e pode retirar-se da fonte de calor. A água-mel pode ser usada para molhar o pão ou na confecção de bolos ou, numa versão mais “gourmet”, como tempero de saladas.

Em França, por exemplo, a água-mel é já muito utilizada principalmente para temperar saladas, substituindo o molho inglês ou o molho de soja. Para além de produto alimentar, a água-mel tem sido também usada no tratamento de algumas doenças menores pelas populações (constipações, doenças das vias respiratórias, entre outras). Apesar destas aplicações, estudos detalhados sobre as características físicas, químicas e biológicas são escassas ou mesmo nulas, ao contrário do mel. Para este produto existe já um padrão de normalidade cujos valores garantem a sua qualidade alimentar. Assim e em média, o mel tem um teor em humidade de 17-18%, teor em prótidos, ácidos, vitaminas, aromas, pigmentos e sais minerais de 1 a 3,5%, e um teor em açúcares redutores de cerca de 70-79% distribuídos do seguinte modo: 38% de frutose, 31% de glucose, 7,5% de maltose e 1,5% de outros açúcares redutores; e um teor do açúcar não redutor sacarose de 1,5 a 5%.

OBJECTIVOS DO PROJECTO
O projecto teve como objectivos principais:
– Caracterizar quimicamente a água-mel
– Avaliar a qualidade microbiológica da água-mel
– Avaliar as propriedades biológicas atribuídas à água-mel, nomeadamente propriedades antimicrobianas, anti-virais e antioxidantes
– Caracterizar quimicamente e avaliar as propriedades biológicas de amostras recolhidas em intervalos de tempo pré-determinados, durante o processo de fabrico da água-mel.
Com estes objectivos, pretende-se:
– Saber se há alterações que ocorrem durante o processo de fabrico da água-mel em termos químicos e consequentemente em termos de propriedades biológicas
– Provar, de uma maneira científica, as propriedades biológicas e, consequentemente terapêuticas da água-mel
– Saber se ocorrem alterações químicas na água-mel e, consequentemente, alterações nas propriedades biológicas ao longo do seu armazenamento
– Estabelecer uma norma de qualidade para a água-mel de origem Portuguesa.

RESULTADOS
O Projecto ÁGUA-MEL permitiu melhor conhecer este produto com grande tradição no nosso país. O trabalho desenvolvido pelos parceiros nas várias tarefas executadas permitiu concluir que:
– O isolamento, a identificação e a quantificação dos componentes voláteis de água-mel devem continuar de modo a obter uma análise mais detalhada e mais alargada a partir de maior número e com massas maiores. Outras técnicas de separação devem ser testadas.
– A identificação dos compostos fenólicos presentes nas amostras requer a utilização de espectrometria de alta resolução por forma a obter massas exactas e possível identificação para os analitos, pelo que estão a ser tomadas em consideração a utilização de equipamentos mais sofisticados de outros serviços de forma a analisar algumas das amostras.
– De acordo com os resultados obtidos podemos afirmar que o efeito da água-mel estende-se para além do efeito na inibição do crescimento bacteriano, afectando as capacidades de aderência e de virulência de bactérias que são caracterizadas pela sua elevada capacidade de aquisição de resistência aos antimicrobianos, bem como elevado potencial patogénico.
– Dado que não há degradação do produto da água-mel em condições domésticas, há que uniformizar alguns parâmetros (por exemplo, os níveis de HMF) sem contudo deixar de perder a sua especificidade e singularidade dado que a adição de alguns produtos naturais a esta pode trazer sabores diferenciados mas igualmente bons quer em termos de características físico-químicas quer biológicas.
– A muito baixa incidência de contaminação das amostras estudadas revelam uma produção feita em condições sanitárias adequadas que necessitam agora de ver a sua exploração aumentada e reconhecida não só a nível local, nacional e mesmo até internacional.
– A aceitação da água-mel por parte de um painel de provadores como um produto que apreciaram é mais um factor que contribui para apostar na sua produção em unidades primárias de produção tão desejado pelos apicultores que responderam aos inquéritos.

Apresentação resultados finais do projecto – Fórum 2013

Folheto de Divulgação

 

 

PAN – PORTUGAL, APICULTURA E NOSEMA

O projeto Portugal, Apicultura e Nosema surgiu da necessidade sentida pelos apicultores portugueses de ver esclarecido, no contexto específico da nossa apicultura, qual o atual perfil epidemiológico da Nosemose, discriminando os possíveis agentes etiológicos do género Nosema ao nível específico e, eventualmente identificando possíveis tipologias intraespecíficas, face:
(i) à constatação de que o Nosema é um dos agentes etiológicos associado a patologiasa apícolas que maior incidência tem revelado nos últimos anos;
(ii) ao desconhecimento sobre a(s) espécie(s) de Nosema presentes no país e
(iii) à necessidade em se avaliar a eficácia de possíveis alternativas aos antibióticos no combate a esta patologia.

METODOLOGIA
Num primeiro domínio de ação, foram selecionados cinco apicultores como potenciais respondentes de cada concelho, através de um conjunto de informação que tem vindo a ser acumulada em várias bases de dados independentes existentes em cada um dos parceiros e, alguma da qual, foi também cedida por várias associações, cooperativas e agrupamento de produtores aos quais foi solicitada. Após a sua seleção foi realizada uma entrevista telefónica, segundo o modelo de inquérito “Coloss” utilizado por todos os parceiros associados à implementação desta tarefa, onde foi possível obter determinadas informações, tais como o perfil etário do apicultor, algumas características do maneio apícola, alguns fatores relativos á saúde das abelhas e basicamente conhecer aspetos de distribuição da Nosemose no território nacional.
Deste modo foi possível quantificar a probabilidade de selecionar apiários a amostrar que reflitam dois tipos de “suspeita”: apiários sem Nosemose vs. apiários com Nosemose para materializar o estudo de distribuição de espécies de Nosema em Portugal. Posteriormente, foram basicamente selecionados, em cada concelho do território nacional (continental), 2 ou 3 apicultores para a realização da segunda ação do projeto.

Num segundo domínio de ação, a maioria das Instituições envolvidas neste projeto (ESAB, UTAD e UÉvora), realizou visitas aos apicultores, com o intuito de recolher amostras de abelhas adultas iniciadas na atividade de pastoreio para posteriormente proceder à pesquisa de Nosema. Por vezes este objectivo não foi cumprido devido a várias contrariedades, principalmente, à movimentação por transumância e a fatores climáticos. Num terceiro domínio, foram realizados testes laboratoriais para diagnosticar (ou não) a presença preliminar de Nosema nas amostras recolhidas a nível nacional e, posteriormente, procedeu-se à identificação da(s) espécie(s) de Nosema encontradas. As metodologias laboratoriais seguidas, quer para o diagnóstico preliminar, quer para a identificação de espécies de Nosema foram bastante distintas e, como tal, serão também relatadas em duas secções independentes deste Relatório Final. Após a aplicação dos testes laboratoriais para diagnosticar e para identificar a(s) espécie(s) de Nosema encontradas, o apicultor foi informado dos resultados obtidos, em conformidade com o estabelecido entre as quatro Instituições.

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Num segundo domínio de ação, a maioria das Instituições envolvidas neste projeto (ESAB, UTAD e UÉvora), realizou visitas aos apicultores, com o intuito de recolher amostras de abelhas adultas iniciadas na atividade de pastoreio para posteriormente proceder à pesquisa de Nosema. Por vezes este objectivo não foi cumprido devido a várias contrariedades, principalmente, à movimentação por transumância e a fatores climáticos. Num terceiro domínio, foram realizados testes laboratoriais para diagnosticar (ou não) a presença preliminar de Nosema nas amostras recolhidas a nível nacional e, posteriormente, procedeu-se à identificação da(s) espécie(s) de Nosema encontradas. As metodologias laboratoriais seguidas, quer para o diagnóstico preliminar, quer para a identificação de espécies de Nosema foram bastante distintas e, como tal, serão também relatadas em duas secções independentes deste Relatório Final. Após a aplicação dos testes laboratoriais para diagnosticar e para identificar a(s) espécie(s) de Nosema encontradas, o apicultor foi informado dos resultados obtidos, em conformidade com o estabelecido entre as quatro Instituições.

Genericamente, poderemos indicar uma forte distribuição da nosemose pelo território continental causada unicamente pelo agente Nosema ceranae.

A última fase deste projeto, correspondeu à seleção de 44 colónias (casos em que se produziu confirmação laboratorial da existência de colónias que hospedam Nosema ceranae), a partir das quais e, com o delineamento experimental proposto, foi possível avaliar a eficácia de campo do VitaFeedGold e do ApiHerbe e as suas implicações práticas na luta contra a nosemose.

RESULTADOS
Relativamente à pesquisa preliminar de Nosema, utilizando técnicas de microscopia ótica, os resultados obtidos em laboratório indicam, a presença do agente etiológico Nosema spp. em alguns apiários de todos os distritos de Portugal continental, sendo que, 45% do total de apiários estudados apresentavam Nosemose no primeiro período de amostragem e 63% no segundo período. Associado a este perfil epidemiológico, globalmente, o nível médio de infeção encontrado nos apiários distribuídos a nível nacional (continental) é muito variável, ainda que aparentemente, menor na região sul do país. Neste contexto, podemos afirmar que no nosso País (continente) existem indícios de um aumento crescente da incidência desta patologia. Acresce ainda que, os resultados obtidos pela microscopia diferem parcialmente das constatações verificadas no domínio da genética molecular, pelo que, será interessante realizar estudos futuros para indigar as razões destas discrepâncias.
No domínio da avaliação molecular efetuada com base na metodologia PCR, salienta-se o facto de ter sido apenas identificada uma espécie de Nosema, o N. ceranae. A nível nacional, “surpreende”que o agente etiológico N. apis não tenha sido identificado em nenhuma das amostras analisadas. O que nos permite sugerir que em Portugal continental, o N. ceranae é, atualmente, a única espécie causadora de Nosemose, sugerindo preocupações acrescidas pela sua elevada capacidade de adaptação às diferentes condições geográficas e climáticas.
Acresce ainda que, a prevalência do agente patogénico N. ceranae mostrou-se mais elevada nos distritos do litoral norte (Aveiro, Porto, Braga e Viana do Castelo) . No outro extremo, encontram-se os distritos de Faro e Lisboa onde a prevalência do N. ceranae é consideravelmente inferior tendo, na maior parte dos casos, existido concordância, nesta perspetiva, com as indicações também anteriormente fornecidas pela avaliação microscópica.
Os resultados obtidos no domínio da biologia molecular não sugerem a possível identificação de um padrão na distribuição geográfica de Nosemose, tanto numa lógica norte/sul ou interior/litoral como na comparação entre regiões de diferente altitude. A sequenciação de um fragmento da região IGS do gene rRNA ou do gene de uma proteína do tubo polar do N. ceranae não permitiram estabelecer qualquer relação com a prevalência daquele agente, avaliada pela carga de esporos, no primeiro caso em resultado da baixa qualidade dos cromatogramas e no segundo devido à ausência de polimorfismo.

Finalizando, convém contudo alertar que a informação de campo relativa ao domínio de avaliação de possíveis métodos de redução de impactos causados pela nosemose está presentemente sistematizados em matriz única de dados que permitirá a análise estatística da evolução dos níveis de infeção nas colónias experimentais (e desenvolvimento destas), considerando as suas interações com o tempo e o tratamento experimental aplicado, quando toda a informação pertinente tiver sido recolhida. Aguarda-se presentemente a conclusão da quantificação laboratorial das infeções com Nc, que se sabia a anteriori ser um processo demorado por implicar o nível de infeção individual num universo total de 4400 abelhas.

Apresentação dos resultados finais do projecto – Fórum 2013